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O FASCISMO NACIONA AUTORITARIO

O FASCISMO NACIONA AUTORITARIO

O Fascismo e o Nacionalismo Autoritário

1. Introdução

(a) Conceito de fascismo

Movimento político ultranacionalista, antiliberal, antimarxista e militarista, tradicionalmente associado à extrema direita. Desenvolvido na Europa logo após a Primeira Guerra Mundial, assumindo o poder na Itália na década de 20 e na Alemanha na década de 30 (o nacional-socialismo ou nazismo).

(b) Origens

As origens mais remotas dos ideais fascistas encontram-se no século XIX:

- Reação cultural conservadora aos valores do Iluminismo e da modernidade

- Idéias nacionalistas radicais

- Sindicalismo revolucionário

O fascismo só se transformou em um fenômeno politicamente importante no período entre guerras em função da combinação dos seguintes fatores:

- A crise econômica causada pela Primeira Guerra e agravada pela Grande Depressão

- A radicalização do movimento operário

- O temor de uma revolução comunista

- O ressentimento nacionalista e a frustração com o resultado da Primeira Guerra

- A fraqueza dos regimes democráticos liberais, sobretudo do parlamentarismo

Esses fatores levaram a “velha ordem” a entrar em colapso. Os grupos políticos tradicionais, liberais ou conservadores, perderam influência, favorecendo a ascensão de movimentos fascistas de massas apoiados principalmente pela classe média. O fascismo passou a ser visto pelas elites econômicas e pelos grupos conservadores como a única força política capaz de deter a revolução comunista, manter a ordem, recuperar a economia, garantir o desenvolvimento do país e concretizar as aspirações nacionais (rever os acordos do pós-guerra, obter mais territórios e aumentar o prestígio internacional da nação).

2. Características do fascismo

(a) A ideologia fascista

(I) O extremismo nacionalista ou ultranacionalismo: sacrifício individual em prol da nação (coletividade ou comunidade nacional)

- Aspecto mítico: idealização do passado da nação, um passado considerado glorioso, quando, supostamente, a nação possuía um poder ou uma pureza que foi perdida ou deturpada com o tempo. Crença na recuperação essa glória, poder e pureza por meio de um regime totalitário e da guerra.

- Estímulo do ódio a outras nações e, no caso do nazismo, também a outras raças.

- Niilismo cultural e moral: repúdio e destruição das crenças e idéias tradicionais, vistas como inúteis, com desprezo pelos intelectuais e pela cultura derivada do Iluminismo

(II) O antiliberalismo: repúdio à democracia liberal (“o Estado democrático liberal é um Estado fraco, anárquico e corrupto”) e intolerância.

- Rejeição do individualismo: a nação não é um conjunto de indivíduos, mas uma união orgânica de pessoas (organismo social).

- Desprezo pelos “valores burgueses” (direitos individuais, universalismo, progresso)

- Aceitação do capitalismo- Defesa do totalitarismo(III) O antimarxismo: repúdio ao comunismo (bolchevismo) e a social-democracia- Rejeição da luta de classes e do internacionalismo proletário

- Defesa da união e cooperação das classes para fortalecer a nação

- Crença na luta entre nações

(IV) Valorização da força: rejeição do comportamento racional, violência vista como uma virtude e valorização do instinto, da ação e do poder militar (militarismo).

(V) Defesa do imperialismo: o “direito natural e histórico” da nação de expandir-se e dominar outros países, não só na África e Ásia como na própria Europa.

- Itália fascista: expansão no Mar Mediterrâneo, Bálcãs, Norte da África e Oriente Médio para reconstruir o Império Romano ou grande parte dele.

- Alemanha nazista: a curto e médio prazo, unificação dos territórios habitados por alemães na Europa (criando uma Grande Alemanha, que incluiria a Áustria e partes da Tchecoslováquia e da Polônia), conquista de um “espaço vital” para os alemães no Leste europeu, anexação de alguns territórios no Ocidente e a hegemonia alemã na Europa. A longo prazo: dominar o mundo.

(VI) O racismo nazista. Baseado em 2 crenças fundamentais:

- O arianismo: a superioridade física e intelectual de uma suposta raça branca nórdica ou “ariana”, cujos principais representantes seriam os povos germânicos;

- O anti-semitismo: a aversão e ódio em relação aos judeus. Consideravam os judeus uma raça inferior que ameaçava a “pureza da raça ariana” e que conspirava para subjugar a Alemanha e dominar o mundo, utilizando-se tanto do marxismo como do capitalismo: (1) idéia de que o marxismo tinha sido formulado pelos judeus, que teriam sido os responsáveis pela Revolução Russa, pela criação da URSS e do Comintern; (2) idéia de que os judeus agiam também por meio do capitalismo: eles seriam, supostamente, os proprietários dos grandes bancos norte-americanos que estariam tentando controlar a economia alemã e mundial; (3) idéia de que os judeus foram os responsáveis pela derrubada da monarquia alemã, pela instalação da república (controlada por eles) e pela imposição do Tratado de Versalhes – tudo parte de um mesmo processo conspiratório de subjugação da Alemanha, a potência “ariana” destinada a salvar o mundo do judaísmo. A história, para os nazistas, rumava para um confronto final e decisivo entre as forças arianas-alemãs, representantes da “Luz”, e as judaicas, representantes das “Trevas”.

- Outros alvos do racismo nazista: os eslavos (russos, ucranianos, poloneses, tchecos), os ciganos e os alemães “impuros” (homossexuais, débeis mentais e indivíduos nascidos com deformidades físicas) que, segundo o nazismo, estavam desvirtuando a raça ariana e precisavam ser eliminados.

(b) O regime fascista

Totalitarismo de base capitalista: forte intervenção estatal, com ênfase no desenvolvimento industrial, visando o ideal de autarquia – uma economia auto-suficiente, com os recursos econômicos dirigidos para os fins nacionais. Sindicatos atrelados ao Estado e controle do movimento operário. No caso da Itália, o corporativismo: a reunião de sindicatos ou associações de trabalhadores e de empregadores em uma mesma corporação, dirigida pelo Estado em nome dos interesses nacionais.

2. O Fascismo na Itália

a) Antecedentes

1918 – Final da Primeira Guerra Mundial. Vitória da Itália (monarquia parlamentar liberal), que lutou ao lado da Entente. O país ficou mergulhado numa grave crise econômica e política, sob a ameaça de revolução operária/comunista. Os nacionalistas radicais, por sua vez, estavam insatisfeitos com os ganhos territoriais na guerra.

1919 – Benito Mussolini (1883-1945) forma, em Milão, os Fasci di combattimento (organização fascista), com objetivo de desencadear uma revolução nacionalista antiliberal e anticomunista.

1921 – Mussolini reúne os agrupamentos fascistas e funda o Partido Nacional Fascista (PNF), com plataforma nacionalista, anticomunista e antidemocrática.

1922, 28-30 outubro – Marcha sobre Roma. Os fascistas (“camisas negras”) ocupam Roma e o rei Vitor Emanuel III nomeia Mussolini chefe de governo. Os fascistas assumem o poder, apoiados pela classe média e pela burguesia conservadora.

b) O governo de Mussolini (1922-1943)

Inicialmente, Mussolini manteve certa liberdade na Itália mas, em 1925-1926, ele tomou várias medidas que instalaram a ditadura fascista. Da fase ditatorial (1926-1943) do governo de Mussolini, podemos destacar:

1927 – Carta del Lavoro. Leis trabalhistas fascistas que estabeleceram o “corporativismo” (corporações = organizações que reuniam patrões e empregados por setores da economia) com sindicatos subordinados ao Estado. Influenciou a legislação trabalhista brasileira de Getúlio Vargas no Estado Novo.

1929 – Tratado de Latrão. Acordo entre a Itália (Mussolini) e a Igreja Católica (papa Pio XI), que encerrou a Questão Romana – a disputa pelo controle de Roma, iniciada na unificação italiana. A Igreja reconheceu Roma como capital italiana; em troca, ela recebeu a soberania sobre o Vaticano, uma grande indenização em dinheiro e privilégios na Itália (o catolicismo foi transformado em religião oficial do país, o ensino religioso foi introduzido nas escolas e a Ação Católica obteve liberdade de atuação, a única organização não-fascista com esse direito)

3. O Salazarismo em Portugal

a) Antecedentes

1910 – Abolição da monarquia: instalação de uma república parlamentar.

1911-1926 – Instabilidade política: constante mudança de governo.

1926 – “Revolução Nacional”: golpe do general Gomes da Costa, sem um programa ideológico definido, que instala uma ditadura militar (1926-1933). Em 1928 o general Carmona torna-se presidente.

1928 – Antonio Salazar (1889-1970), professor universitário, é nomeado Ministro das Finanças do governo de Carmona e logo torna-se a figura mais importante do regime militar.

b) O governo de Salazar (1932 –1968)

1932 – Salazar é nomeado primeiro-ministro do governo de Carmona.

1933-1968 – O “Estado Novo” de Salazar: ditadura de inspiração fascista de Salazar, que oficialmente era apenas o primeiro-ministro (ocupou também outros ministérios) dos governos militares.

1936-1939 – Intervenção na Guerra Civil Espanhola: Salazar ajuda os fascistas a tomarem o poder na Espanha.

1939-1945 – Neutralidade portuguesa na Segunda Guerra Mundial.

4. O Franquismo na Espanha

a) Antecedentes

1918-1923. Crise política e econômica na Espanha. No início do século XX, a Espanha era um país agrário e relativamente atrasado, que estava num processo tardio de industrialização. Depois de uma breve experiência republicana (a Primeira República, 1873-1874), o Estado espanhol acabou se organizando em torno de uma monarquia parlamentar. A Espanha ficou neutra na Primeira Guerra Mundial e conheceu certa prosperidade durante o conflito. Mas o país vivia sob forte tensão política.

Depois da guerra, a situação se deteriorou rapidamente devido a uma série de fatores: as tentativas do rei Alfonso XIII (1886-1941, reinado 1902-1931) de controlar as Cortes (parlamento); a instabilidade dos gabinetes, com constante mudança de primeiros-ministros; a pressão dos republicanos pela abolição da monarquia; o confronto entre o anticlericalismo dos republicanos e a Igreja Católica, apoiada pelos grupos tradicionalistas; a ameaça separatista da província da Catalunha; as dificuldades militares em reprimir a resistência anticolonial no Marrocos (parte desse país era domínio espanhol); os conflitos agrários entre os grandes proprietários e os trabalhadores rurais; e a radicalização do proletariado urbano, com o aumento das greves e da violência entre patrões e empregados.

O movimento operário e camponês estava fortemente influenciado pelo anarquismo, que disputava a hegemonia ideológica dos trabalhadores com os socialistas (PSOE – Partido Socialista Obrero Español, de linha social-democrata), eles próprios divididos entre moderados e radicais Sob o impacto da Revolução Russa, os socialistas radicais saíram do PSOE, em 1921, e fundaram o PCE (Partido Comunista Español).

O aumento da violência política e da desordem levou o general Miguel Primo de Rivera (1870-1930) a dar um golpe militar, em 13 de setembro de 1923, e assumir o poder, com apoio da monarquia.

1923-1930. Ditadura de Primo de Rivera. Inicialmente apoiado pelo rei Alfonso XIII, Primo de Rivera fez uma forte intervenção estatal na economia, organizou obras públicas e tentou introduzir algumas reformas sociais. Mas a crise de 1929, a resistência do exército à sua proposta de reforma militar e o crescimento de protestos populares contra seu governo levaram Primo de Rivera a perder o apoio de Alfonso XIII e das elites políticas tradicionais. Em 28 de janeiro de 1930 ele renunciou, pressionado pelo rei.

1930-1931. Redemocratização da Espanha. Em meio a crise econômica e a crescente insatisfação com a monarquia.1931, abril. Os republicanos vencem as eleições municipais. O rei Alfonso XII abandona o país, mas não abre mão da monarquia, continuando com um forte apoio da nobreza, da Igreja e de outros setores conservadores da sociedade espanhola. A Segunda República Espanhola foi estabelecida (a Primeira República foi em 1873-1874).

1931-1936. A Segunda República. Alcalá Zamora (1877-1949) foi eleito seu presidente em dezembro de 1931. Uma república democrática parlamentarista instável marcada pela crise econômica, pela ameaça de retorno da monarquia (apoiada pelos conservadores, Igreja e extrema-direita) e pelo crescimento do movimento anarquista e socialista revolucionário junto aos trabalhadores.

1933. Fundação da Falange Espanhola. Organização fascista, criada por José Antonio Primo de Rivera (1903-1936), filho do ditador Miguel Primo de Rivera.

1934, outubro. Revolução de Outubro. Insurreição dos socialistas, anarquistas e nacionalistas catalães contra o governo direitista do primeiro-ministro Alejandro Lerroux (1864-1949). A Revolução fracassou, mas estabeleceu uma divisão profunda entre a esquerda e a direita que, mais tarde, levaria à guerra civil.

1935. Criação da Frente Popular. Uma aliança entre as esquerdas (socialistas, comunistas e até anarquistas) e liberais democratas, com apoio dos sindicatos, organizada por Manuel Azaña (1880-1940), ex-primeiro-ministro liberal (1931-1933). Propostas: democracia e reformas sociais no capitalismo.

1936, 16 fevereiro. Vitória eleitoral da Frente Popular. A direita é derrotada e as Cortes (parlamento), que passaram a ser controladas pela Frente Popular, derrubaram o presidente Alcalá Zamora.

– Maio: Manuel Azaña é eleito presidente.

– 17 julho: Levante militar direitista contra a Frente Popular. A rebelião militar começou no Marrocos. Os rebeldes, que se intitularam Nacionalistas, receberam o apoio dos grupos conservadores (monarquistas, Igreja, nobreza) e da Falange.

– Setembro: a Frente Popular assume o governo da República, tendo o socialista Francisco Largo Caballero (1869-1946) como primeiro-ministro.

– 1 outubro: os Nacionalistas nomeiam seu líder, general Francisco Franco, chefe do governo rebelde, estabelecido em Burgos.

– A disputa pelo controle do país entre o governo e os rebeldes desencadeou a guerra civil.

b) A Guerra Civil e o governo de Franco

1936-1939. Guerra Civil Espanhola. O conflito político-militar europeu mais importante no período entre guerras, depois da Revolução Russa. Ela foi uma espécie de “ensaio geral” das forças políticas que se enfrentariam na Segunda Guerra Mundial: a aliança entre o centro e a esquerda (liberais, sociais-democratas e comunistas) contra o fascismo. Mas ela também refletiu a divisão da esquerda revolucionária, traduzida em violentos choques dos comunistas stalinistas (ligados à URSS e ao Comintern) com os comunistas trotskistas e anarquistas.

– A guerra opôs os Republicanos (governo da Frente Popular) aos Nacionalistas (militares rebeldes, monarquistas e a Falange, liderados pelo general Francisco Franco)

– Envolvimento internacional: a Frente Popular foi apoiada militarmente pela URSS (Comintern) e pelas Brigadas Internacionais (forças de voluntários democratas, anarquistas e, principalmente, comunistas de vários países, inclusive do Brasil); os Nacionalistas receberam dinheiro, armas e soldados da Alemanha, Itália e Portugal. Um grupo de voluntários de vários países também apoiou os Nacionalistas, embora em uma escala menor do que a das Brigadas Internacionais pró-Frente Popular. A Grã-Bretanha e a França ficaram neutras, temendo que seu envolvimento precipitasse uma nova guerra mundial.

– Revolução anarquista: a guerra civil desencadeou uma revolução operária e camponesa anticapitalista e anticlerical liderada pelos anarquistas e pelo POUM (Partido Operário da Unificação Marxista, que reunia comunistas não-stalinistas), sobretudo na Catalunha. Os revolucionários agiram de forma independente do governo da Frente Popular e do PCE, de linha stalinista. O PCE defendia a aliança com os grupos mais moderados para fortalecer o governo da Frente Popular e considerava que vencer a guerra era mais prioritário do que a revolução. A rivalidade com os anarquistas, os trotskistas e o POUM levou o PCE, com a ajuda dos soviéticos, a participar da repressão ao movimento revolucionário.

– 26 abril 1937: episódio do bombardeio alemão (a Legião Condor) na cidade de Guernica, que inspirou a famosa pintura de Pablo Picasso.

– Maio 1937: a luta por Barcelona. Disputa entre os grupos da esquerda pelo controle da cidade (anarquistas e POUM contra os comunistas), caracterizando uma “guerra civil dentro da guerra civil”. Estabeleceu-se uma trégua, mas o PCE continuou a reprimir brutalmente a revolução. No dia 10, sob pressão do PCE e dos soviéticos, Largo Caballero foi forçado a renunciar ao cargo de primeiro-ministro e foi substituído pelo socialista Juan Negrín (1894-1956). O governo republicano ficou mais dependente do PCE e da ajuda militar da URSS que, na prática, passou a conduzir o esforço de guerra contra os Nacionalistas e a repressão aos revolucionários.

– Janeiro-fevereiro 1939: os Nacionalistas conquistam a Catalunha.

– 5 março 1939: o governo republicano foge para o exílio na França.

– 18 março 1939: as forças republicanas se rendem e os Nacionalistas tomam Madri.

– 1 abril: Franco declara o fim da guerra civil. Vitória dos Nacionalistas. Entre 500 mil e 1 milhão de pessoas morreram nos 3 anos de guerra civil; 500 mil se exilaram.

1939-1975 Ditadura nacionalista de Franco. A Espanha entrou no Eixo (aliança militar com a Alemanha, Itália e Japão), mas ficou neutra na Segunda Guerra Mundial.

5. O Nazismo na Alemanha

5.1 A Revolução Alemã (1918-1919)

(a) Significado

Revolução democrática dos trabalhadores, precipitada pela crise do final da Primeira Guerra Mundial e influenciada pela Revolução Russa.

(b) Antecedentes:

1918, agosto-outubro: derrota militar da Alemanha na Frente Ocidental. Crise do Império Alemão sob a monarquia do kaiser Guilherme II

(c) O início da revolução (1918)

29 outubro. Motim dos marinheiros da Armada Imperial, precipitando a formação de sovietes operários. Divisão da esquerda alemã:

SPD (Partido Social Democrata): democracia e reformas no capitalismo. Líder Friedrich Ebert

KPD (Partido Comunista Alemão): revolução anticapitalista e ditadura do proletariado. Líder Rosa Luxemburgo

9-10 novembro. Derrubada da monarquia: instalação de um governo provisório republicano do SPD, presidido por Ebert.

11 novembro. Rendição da Alemanha: fim da Primeira Guerra Mundial. O governo provisório fez isso orientado pelos militares para impedir a destruição da Alemanha por uma invasão Aliada. O exército continuou intacto e coeso, comandado por oficiais conservadores. O mito da “facada nas costas” gerou entre os nacionalistas radicais uma imagem negativa do SPD/governo provisório e a idéia da invencibilidade militar da Alemanha

Dezembro. Convocação de uma Assembléia Constituinte, democraticamente eleita por sufrágio universal

(d) A consolidação dos sociais-democratas (1919)

1-15 janeiro. Tentativa de revolução comunista: o KPD (“spartakistas”) tenta derrubar o governo provisório e tomar o poder, mas fracassa. O exército e forças paramilitares (freikorps) apóiam o SPD, salvando o governo provisório

19 janeiro. Eleições para a Assembléia Constituinte: SPD o maior partido

Fevereiro. Ebert eleito presidente da Alemanha: SPD consolidado no poder

28 Junho. Tratado de Versalhes

Agosto. Constituição de Weimar: república democrática parlamentarista. Criada pela aliança entre os sociais-democratas e os liberais com objetivo de estabelecer um Welfare State numa democracia capitalista.

5.2 A República de Weimar (1919-1933)

Problemas:

- Ausência de uma ampla tradição democrática

- Insatisfação nacionalista com o Tratado de Versalhes, agravada pelo mito da “facada nas costas”

- Crises econômicas periódicas

- Tentativas de golpes da extrema-direita e da extrema-esquerda

- A democracia dependia do aval dos militares e dos conservadores, que consideravam a República de Weimar um regime provisório

a) A primeira fase da república (1919-1923):

Início da presidência do social-democrata Ebert

Fase de crise econômica e política

1919. Fundação do minúsculo Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP), fascista e anti-semita, por Anton Drexler (1884-1942). Adolf Hitler (1889-1945), militar de origem austríaca, filiou-se ao DAP. Em 1920, esse partido mudou o nome para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) ou Partido Nazista. Em 1921, Hitler assumiu a liderança do partido.

1922. Crise financeira e hiperinflação. A Alemanha suspende o pagamento das reparações de guerra.

1923, janeiro. A França e a Bélgica ocupam a região do Ruhr em represália pela suspensão do pagamento das reparações.

1923, outubro. Nova tentativa de revolução comunista. Fracassou

1923, novembro. Putsch de Munique: tentativa de revolução nazista. Fracassou e Hitler foi preso (na prisão escreveu “Minha Luta”)

b) A segunda fase da república (1924-1928):

Final da presidência de Ebert e início da presidência do conservador Paul von Hindenburg.

Fase de prosperidade econômica e estabilidade política: “Anos Dourados”

1924, agosto. Plano Dawes. Empréstimo norte-americano à Alemanha e reorganização do pagamento das reparações de guerra.

1925. Tratado de Locarno. A Alemanha confirma a maior parte do Tratado de Versalhes

1926. A Alemanha entra na Liga das Nações.

c) A terceira fase da república (1929-1933)

Presidência do conservador Hindenburg

Crise final da repúblic

Grande Depressão: desemprego em massa, empobrecimento da classe média

Crescente radicalização e polarização política: crescimento eleitoral do NSDAP (virou o principal partido) e do KPD.

A maior parte do eleitorado nazista: classe média empobrecida, desempregados, pequena burguesia (sobretudo no interior do país), com crescente apoio financeiro do empresariado

A maior parte do eleitorado comunista: operariado

1929-1930. Plano Young: renegociação das reparações de guerra

1932-1933 – Governos dos primeiros-ministros conservadores von Papen e Schleicher. Medidas que enfraqueceram a democracia e fortaleceram o poder de Hindenburg

1932, julho. Vitória nazista nas eleições legislativas. O NSDAP tornou-se o principal partido do Reichstag (parlamento).

1932, novembro. Novas eleições legislativas. O NSDAP perde votos, o KPD cresce, mas o Partido Nazista continuou sendo o maior do Parlamento.

1933, janeiro. Conservadores se aproximam de Hitler buscando uma aliança anti-esquerdista com apoio de setores do empresariado

1933, 30 janeiro. Hitler é nomeado chanceler (primeiro-ministro) da Alemanha pelo presidente Hindenburg. A idéia dos conservadores (direita tradicional): usar os nazistas para combater o crescimento do comunismo, esmagar a esquerda e destruir a democracia

5.3 O governo de Hitler: o Terceiro Reich (1933-1945)

Ditadura nacional-socialista de Hitler, o Führer (“líder”)

1933, 27 de fevereiro. Incêndio do Reichstag (Parlamento): comunistas acusados. Pretexto para Hitler instalar a ditadura: estado de emergência e suspensão das liberdades civis

1933, março-julho. Instalação da ditadura monopartidária.

1934, 30 de junho. “A Noite das Longas Facas”: Hitler elimina a “ala esquerda” do NSDAP, sobretudo os líderes das SA (“tropas de assalto” nazistas). Consolida o apoio dos militares, conservadores e empresariado ao seu governo

1934, 2 agosto. Morte de Hindenburg: Hitler assume o poder total na Alemanha. Os militares juram lealdade à Hitler

1935, 15 setembro. Leis de Nuremberg. Os judeus alemães perdem seus direitos políticos e ficam proibidos de casamento com não-judeus

1938, 9-10 novembro. Noite dos Cristais. Destruição de sinagogas e lojas dos judeus por grupos populares estimulados pelo governo nazista. A comunidade judaica foi obrigada a pagar os estragos.

A política econômica nazista: intervenção estatal no capitalismo, obras públicas e investimento maciço no rearmamento. O desemprego caiu drasticamente. O déficit público aumentou muito por causa do crescimento extraordinário dos gastos do governo, sobretudo os militares. O patrimônio dos judeus foi confiscado: forma de obter mais recursos para o governo. Hitler considerava a guerra e a conquista de novos territórios o melhor caminho para desenvolver a economia alemã e enriquecer a nação.

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NAZISMO

Sob o comando de Adolf Hitler, se desenvolveu na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial um sistema político de tipo totalitário conhecido por nazismo.
Os nazistas tinham pensamentos e idéias racistas, anti-semitas, nacionalistas, expansionistas e anti-homossexuais. Além de odiarem comunistas, odiavam e massacravam judeus e homossexuais, em campos de concentração nazistas.
Aproveitou-se do caos econômico, político e da humilhação em que se encontrava a Alemanha depois da derrota naquela guerra, em que perdeu territórios e teve de pagar altas indenizações.
O nazismo nasceu no Partido Nacional-Socialista para qual Adolf Hitler entrou em 1919. Quando conquistou a liderança do partido mudou o nome deste, para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (cuja sigla, NAZI em alemão, deu nome ao movimento). A organização recebeu a adesão de vários importantes capitalistas alemães e fez um a tentativa frustrada de tomar o poder em 1923.
Em janeiro de 1933, o presidente Hindenburg nomeou Hitler chanceler(espécie de Primeiro Ministro).
A autoridade do nazismo terminou em 1945, com a derrota alemã.